Papinha de melão?

   Vocês conhecem aquele quadro do Zorra Total, da “nutricionista” obesa que dá as orientações mais erradas possíveis? Obviamente que eu e todos os meus colegas de profissão (mesmo os que caem na gargalhada) desaprovamos o que é dito ali. Mas em uma coisa eu sou bem parecida com essa tal nutricionista: para quase tudo, eu digo "SIM, PODE".

Assim como médicos de uma mesma área podem ter opiniões e condutas diferentes, na área de alimentação também não há sempre consenso. Na hora de introduzir os alimentos, por exemplo, alguns recomendam ficar só na batata-cenoura-abóbora pelas duas primeiras semanas, o que eu discordo bastante. Como já falamos em vários outros posts sobre as primeiras papinhas, é preciso sim observar cada alimento por separado, para vermos a aceitação e descartamos intolerâncias e alergias alimentares. Então, a cada um ou dois dias você pode apresentar um alimento novo para o bebê que está começando a comer. Tudo ok com o chuchu? Partimos para outro vegetal. Ok também? Já podemos inclusive misturar os dois, e assim por diante.

Com as frutas é a mesma coisa. Você não precisa ( E NEM DEVE) ficar só na pêra e banana. Muitos pais já me perguntaram se podem dar melão aos bebês. Eu desconheço qualquer contra-indicação! Inclusive Ana e Davi, que ainda nem completaram 7 meses, já provaram e adoraram. Dias depois, eles também foram apresentados à manga...outro sucesso. Aí meu repertório de papinhas só vai crescendo...posso dar uma por separado ou em um mix de 2 ou mais frutas. Mas, repito, essa é a minha conduta. Pode ser que seu pediatra ou nutricionista seja mais conservador e você deve seguir a recomendação que lhe parece mais confiável.



melão e manga pela 1a vez.
 já falamos em post anterior que não é necessário usar liquidificador para preparo dos alimentos das papinhas, mas para fazer um mix ou para oferecer uma fruta que seja difícil de raspar, não há problema em liquidificar antes de oferecer.



Quando se viaja com bebê é assim: o carrinho vira cadeira de alimentação; o guardanapo de pano, babador de cima
viagem da nossa grande família a Foz do Iguaçu



Mas sabe por que eu sou assim, uma nutricionista mais liberal? É que observo que a questão da alimentação tem muito a ver com os costumes, cultura. Outro dia uma amiga me sugeriu comentar sobre o consumo de iogurte... ela, tal como fazem em muitos países da Europa, oferece um iogurte após o almoço para os filhos. Eu não tenho esse hábito e não acho bom porque no almoço e jantar geralmente comemos alguma fonte de ferro (do feijão, carne, ovo, etc) e o cálcio, que está presente no leite e seus derivados, interfere negativamente na absorção do ferro. Mas também não é proibido! Basta tomar outros cuidados (ou melhor, combinações alimentares) ao longo do dia e todos os nutrientes serão bem absorvidos! Querem outro exemplo? As carnes. Você gosta de carne de cavalo? Eu nunca comi e já digo que não gosto, mas na Suiça é uma opção comum, tipo comida de self-service. Inclusive por lá os potinhos infantis são bem mais, digamos assim, ousados. Você vai ver à venda potinhos de legumes com carne de coelho, carneiro e muito mais. Na época que eu era estudante de Nutrição, aprendi que o morango só deve ser oferecido aos bebês maiores de 1 ano. Isso porque se utilizava muito agrotóxico nas plantações dessa fruta. Mas hoje temos os orgânicos! E mais uma vez fazendo referência a outros países, eu também já vi em supermercado suiço potinho de morango com queijo branco para bebês a partir de 8 meses. Bem gourmet, né?

   Sendo assim, acredito que os pais devem ler e se informar muito sobre a alimentação dos filhos, mas também devem saber que uma boa alimentação pode e deve incluir alimentos e hábitos alimentares de sua família, região ou país.