“Meu intestino parece que está mais lento depois que fiquei grávida. Por que isso acontece?”

Essa é uma queixa bem comum das gestantes e a causa/explicação, a gente escuta em todo lugar: “são os hormônios!”

É verdade!

Para entender um pouco melhor, vamos falar da atuação da progesterona (o próprio nome do hormônio já diz muito: é pró-gestação). Se o resultado da gravidez a gente vê com a transformação do corpo (e da cabeça, né?) da mulher, o que acontece no organismo dela é um processo ainda maior, mais complexo, um maravilhoso universo de ações para que o bebê seja bem implantado no útero e o corpo da gestante se prepare para as muitas semanas que vêm pela frente. E para o futuro aleitamento!

A progesterona estimula, por exemplo, o desenvolvimento das glândulas mamárias (daí o porquê do aumento de tamanho das mamas que ocorre ainda na gravidez) e o relaxamento do útero. Feche sua mão e você verá o tamanho aproximado do útero (sem bebê dentro, claro!), é mais ou menos como uma pêra. À medida que a gravidez avança, ele pode alcançar o tamanho de uma melancia! Imaginem o que acontece com um útero que abriga dois ou mais bebês....é impressionante!! Pois é, a progesterona atua para que a musculatura do órgão que envolve o bebê, o útero, relaxe e, assim, possa  distender, distender, distendeeeer.

Contra a prisão de ventre e para uma gravidez mais saudável,
exercícios leves, água e fibras na alimentação!

E o que a progesterona tem a ver com o ritmo intestinal? Bem, aí o mecanismo é o seguinte: quando os alimentos passam pelos intestinos, ocorrem um montão de processos (transporte ativo, transporte passivo, excreção, secreção e tudo o mais que você deve ter estudado nas aulas de Biologia e Química) para garantir que o corpo absorva os nutrientes de que precisa para se manter funcionante. Um desses processos é a absorção de água. Na gravidez, sob influência da progesterona, ocorre uma absorção ainda maior da água que passa junto com os alimentos (ou bolo fecal), justamente porque os fluidos corporais (sangue, por exemplo) aumentam e MUITO durante a gravidez, fazendo com que a necessidade de água fique maior. Além da água, todos os nutrientes provenientes dos alimentos também precisam ser absorvidos em maior quantidade e, assim, o trânsito intestinal fica mais lento para permitir que o organismo da gestante “puxe” água e nutrientes de forma mais eficiente. Ou seja, há uma razão para que ocorra essa modificação do ritmo intestinal, ela é “pró-gestação”. Mas, por outro lado, o resultado “visível” pode ser um baita incômodo: a prisão de ventre.

Mas tenho duas boas notícias: a primeira é que há maneiras de reduzir o incômodo. Já falamos bastante que caminhadas + ingestão de bastante água + alimentação saudável e rica em fibras é a prevenção e também o tratamento para a constipação intestinal (leia mais nos posts anteriores sobre o assunto, é só clicar aqui) . Mas, se mesmo com todos os cuidados, você não conseguiu se livrar da prisão de ventre durante a gravidez e até está com hemorroidas, aí vai a segunda boa notícia: geralmente tudo isso acaba dias ou poucas semanas após o parto. Bom, né?

OBS FINAL: no começo do post, falamos o mecanismo que faz o útero se distender para abrigar o bebê. Mas, depois do parto, nós queremos que o útero (e a barriga, por favor!!!)  volte ao tamanho original, correto? Aí sabe qual é a melhor solução? A amamentação!! Além dos milhares de benefícios do leite materno, amamentar o bebê no peito estimula a contração uterina, permitindo que o órgão volte progressivamente ao seu tamanho original. É por isso que algumas mamães sentem uma espécie de cólica quando estão amamentando: enquanto o bebê suga o melhor alimento do mundo, o útero da puérpera começa se contrair para voltar a ser o que era antes. Assim, ao dar o peito a seu filho, a mãe permite também que o seu corpo se recupere mais rapidamente do imenso e maravilhoso esforço  que se submeteu para gerar uma vida.

Juro para vocês: meu coração bate mais forte quando falo de gravidez e amamentação. É lindo demais!