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7 de nov. de 2011

DBB 3 Renata Cenedesi: AMAMENTAR E TRABALHAR


Renata e Maria Luísa
A ampliação da licença maternidade para 180 dias foi comemorada por todos os órgãos de defesa da criança e, claro, por todas as mamães que se beneficiaram de preciosas semanas a mais em casa com seu bebê. Seis meses representam o período recomendado de aleitamento materno exclusivo. Assim, uma licença maternidade maior não apenas fortalece o vínculo mãe-filho, mas também ajuda e muito no sucesso do aleitamento materno exclusivo por 6 meses, como é mundialmente recomendado.

A licença maternidade é um direito reconhecido pela Organização Mundial do Trabalho há quase 100 anos, mas o período de licença e a remuneração para as mães trabalhadoras varia de país para país. A conquista da ampliação dessa licença para 6 meses aconteceu ano passado (2010) em nosso país, o Brasil. Mas e as lactantes que estão mundo afora? É como dissemos, os direitos trabalhistas no pós-parto variam bastante a depender do país (há mesmo variações entre cidades do mesmo país), mas, de modo geral, a licença remunerada não passa dos 3 meses, o que faz com que as trabalhadoras do Brasil estejam entre as mais beneficiadas do mundo (pelo menos no tocante à licença maternidade!). Uma conquista e tanto! Há, no entanto, generosas exceções, como nos países nórdicos em que a licença maternidade pode até ultrapassar 1 ano.

Enfim, a licença pode ser curta ou até bem longa, mas voltar a trabalhar depois de semanas de dedicação exclusiva ao bebê não é fácil. Para falar dessa etapa que tantas mulheres enfrentam, entrevistei uma amiga muito querida e mamãe de uma princesa chamada Maria Luísa, que tem quase 6 meses de pura fofura.

A linda e sorridente Malu

A Renata foi uma das primeiras pessoas que soube da minha última gravidez. Eu ainda estava atordoada com a notícia da gravidez não planejada (e ainda nem sabia que eram gêmeos!) quando fui ao batizado do Deco, afilhado dela. No almoço de comemoração, eu e meu marido contamos a novidade aos amigos presentes e ela me contou que também queria muito ser mãe. Torcemos juntas para que ela ficasse grávida logo e isso aconteceu poucos meses depois. Alegria geral! No próximo dia 13, a Malu completa 6 meses de vida e vai receber muitos beijinhos. Felicidades para essa risonha boneca e um SUPER PARABÉNS à mamãe Renata, que empenhou todo esforço para manter o aleitamento materno exclusivo até os 6 meses, mesmo depois da volta ao trabalho. Vamos descobrir como ela conseguiu?

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Renatinha, quando você começou a pensar em como seria a volta ao trabalho? Você se preocupava com isso desde que a Malu nasceu ou foi um assunto que você só pensou quando a licença estava perto de terminar?

Renata:
Eu me preocupei desde o primeiro momento que recebi o resultado positivo da gravidez. Até nos mudamos de apartamento para um mais próximo do meu trabalho já pensando que na primeira necessidade eu poderia sair correndo para casa.

Eu tive uma gestação muito tranqüila e trabalhei até a 38ª semana. A previsão era de que a Malu nasceria no início de maio, mas, a danadinha ainda demorou quase 15 dias para nascer e eu fiquei numa angústia só porque lá se iam 2 semanas da minha licença.

Como eu trabalho em um organismo internacional (Tribunal Permanente de Revisão do MERCOSUL) todas as licenças são determinadas por uma normativa internacional e infelizmente a norma só dá direito a 12 semanas de licença por maternidade. Devido a este pouco tempo, eu também me organizei para poder pegar mais 10 dias de férias. Deste modo eu consegui ficar 3 meses de licença e me dediquei exclusivamente aos cuidados da minha pequena.

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Agora vamos falar da amamentação. Conte um pouco como foi o início do aleitamento materno, pega da Malu, seu sentimento.

Renata:
Durante a gravidez eu nem pensei em outra possibilidade senão o aleitamento materno. Nem comprei mamadeiras, nem nada. Estava determinada que iria amamentar. Fazia massagens nos mamilos com uma pomadinha de glicerina para fortalecer a pele do lugar e durante a gestação, sempre que tinha oportunidade, perguntava às amigas, primas e tias como seria o processo. Cheguei a ser chata às vezes (risos). Na maternidade, antes mesmo do parto adverti às enfermeiras e o meu obstetra que queria a minha filha no quarto comigo e que de imediato queria amamentar.

A minha bolsa rompeu e entrei em trabalho de parto, mas como não dilatava tive que fazer uma cesárea de urgência. No entanto, isso não impediu a amamentação. Logo depois da cirurgia, e ainda sob efeito da anestesia, a enfermeira entrou no quarto com a Malu nos braços e a colocou no meu peito. Foi mágico! Na mesma hora ela abocanhou direitinho e começou a sugar com força. Todos que estavam no quarto ficaram admirados e eu não contive o choro, porque apesar de ser lindo, dói! Hahaha

Passei 48 horas no hospital e foi um pesadelo, porque como a Malu teve boa pega e tinha bastante força, ela mamou o colostro de uma vez e o meu leite demorou um pouco para descer. Durante a noite ela chorava e chorava e não demorou muito para aparecer uma enfermeira para perguntar se eu não queria dar suplemento, até beirou à grosseria por me dizer que a minha filha era uma gritona porque tinha fome. Nem preciso dizer que eu fiquei aos prantos, fora o medo que surgiu de não ter leite. Mas, com a ajuda do meu marido a Malu passou a noite intera no peito e no dia seguinte eu estava com os peitos cheios, e eu só precisava de vez em quando arrumar a boquinha em forma de peixinho para a Malu mamar até se saciar.

Voltar para casa foi um alívio e eu amamentei à livre demanda durante todo o primeiro mês, só depois comecei a controlar os horários de dar o peito a cada 3 horas.



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 Quando sua licença terminou, a Malu só tinha 3 meses. Como você se preparou para voltar a trabalhar e continuar a amamentar?

Renata:
 Só a idéia de ter que deixar a minha filha em casa aos cuidados de outra pessoa me fazia entrar em pânico, e o que dizer quanto o assunto era amamentação. Até passou pela minha cabeça deixar de trabalhar. Eu acho que isto acontece com todas as mães que trabalham fora de casa, mas no meu caso, não havia alternativa, eu tinha que voltar a trabalhar.

Quando a Malu completou 1 mês começou a contagem regressiva. Eu tinha exatamente 2 meses para me organizar.Foram muitas noites sem dormir. Entre uma mamada e outra eu ficava pesquisando na internet para encontrar o melhor método para a retirada de leite, estocagem etc. E novamente, em todas as oportunidades, eu recorria às amigas para resolver as minhas dúvidas.

Foram muitas dicas válidas, mas nenhuma amiga próxima tinha vivenciado o que eu estava prestes a viver: No princípio, eu tentei retirar o leite com a mão, mas eu não consegui pegar o jeito; não conseguia nem tirar 30 ml com o método. Por isso decidi investir em uma bomba elétrica. Foi a solução para a retirada do leite, mas aí vivi outro dilema: como oferecer o leite? Colher, copinho ou mamadeira?

Malu e o orgulhoso papai
A recomendação era não dar a mamadeira, mas eu teria que ter mais tempo para ensinar a babá a dar de colherinha, e o copo me preocupava porque a Malu algumas vezes engasgou com o peito e o que dizer com o copinho. Enfim, a alternativa foi a mamadeira. Mas com duas dicas preciosas. A primeira foi do pediatra da Malu que disse que a mamadeira nunca pode ser dado pela mãe. Este foi o meu primeiro erro. Na primeira tentativa de dar a mamadeira, eu estava perto e ela só chorava. Na segunda tentativa, foi o papai quem deu. E ela mamou um pouco sem chorar. Na terceira vez ela já mamou 100 ml de uma vez.

A segunda dica quem deu foi a madrinha da Malu, que é fisioterapeuta e estudante de medicina. Ela me contou que não basta o bico da mamadeira ser com boca larga, e sim que o furo deve ser minúsculo para que o bebê faça mais força e com isso se sinta muito mais confortável mamando no peito e não na mamadeira.

Assim, com essas duas dicas seguimos até hoje alternando peito e mamadeira.

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E quanto a estocagem? Você congelou bastante leite?

O aparato da mamãe que amamenta e trabalha
Renata:
Antes de voltar ao trabalho eu comecei a congelar o leite nos saquinhos próprios para congelamento. Mas não tinha uma disciplina muito rígida, então eu tirava o leite quando não estava muito cansada e quando a Malu dormia. Quando voltei a trabalhar eu tinha esticado aproximadamente 1 litro. No entanto, tive dois episódios de falta de luz. Na primeira vez eu consegui oferecer à Malu o leite descongelado. Mas na segunda tive que jogar mais de meio litro de leite fora. Literalmente, chorei pelo leite derramado. Hoje já não tenho leite estocado. Só congelo 1 ou duas mamadeiras quando retiro mais leite nos finais de semana, só por precaução. A minha rotina de retirada é mais tranqüila e com muita disciplina o meu corpo foi se acostumando com a produção necessária.

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Agora nos conte como é a sua rotina pra lá de puxada.

Renata:
A Malu já dorme das 12:00hs até as 6:00 da manhã, mas eu continuo me levantando de madrugada para a retirada do leite.

Assim que para resumir a minha rotina é a seguinte:

6:00 hs: A Malu acorda, eu troco as fraldas dela e amamento. Ela normalmente mama bastante, os dois peitos. Ela já não dorme mais, nem a mamãe ( risos).

7:30 hs: Chega a babá. Aí eu literalmente entrego a Malu aos cuidados dela e vou tomar café da manhã e me arrumar para ir trabalhar.

8:30hs: Ofereço o peito novamente à filhota, ela normalmente mama mais um pouquinho, só pra se despedir da mamãe ( risos)

9:00hs: Já estou no trabalho.

11:00 hs: Digo aos colegas que desaparecerei durante 15 minutos, é o tempo que necessito para retirar 100ml. Tento sempre tirar 50ml de cada peito.


Leite materno na mamadeira quando a mamãe está no trabalho.

12:30 hs: Almoço rapidinho pois o meu horário de trabalho é continuado.

14:00 hs: Desapareço mais 15 minutos e tiro mais 50 ml do peito que ficou mais cheio.


15:30hs: Já estou em casa. Tiro a roupa do trabalho, lavo as mãos, o rosto, os seios, tomo dois copos gigantes de água e vou dar de mamar. Normalmente a Malu quer mamar logo que eu chego em casa. Ela mama e tira uma sonequinha. Aí eu aproveito para descansar um pouquinho também.

16:00hs: A Babá vai embora. E ficamos juntos, papai, mamãe e filhinha. Hora de brincar e colocar o papo em dia com o maridão


17:30 hs: Hora do banho. O papai sempre está presente, porque ele sai para dar aula durante a noite. Aí ele me ajuda a arrumar a bagunça durante o período que estou amamentando. Depois do banho é o horário que a Malu mais mama. Os dois peitos sem parar.

19:30 hs: Normalmente a Malu já está no berço dormindo profundamente. Aproveito para jantar. Como comida mesmo: Arroz, feijão, carne, salada ... o que tiver!! E muita água! Descanso um pouquinho.


22:00 hs: O meu marido chega do trabalho e eu corro para o banheiro para tomar uma ducha e cair na cama.

24:00hs: A Malu acorda para mamar. É a última mamada da noite. Desde vez ela mama pouco. Aí me preparo para ordenhar. Desta vez tiro pouco leite, normalmente 50 ml (o cansaço influencia muito). Mas esvazio os peitos.


4:00 hs: A Malu já não acorda, mas eu sim. Os peitos estão cheios e ordenho 150 ml. Pronto. Já tenho o leite para as 6 ou 7 horas que fico fora de casa.



O cálculo que faço é de 30 ml por kilo para cada mamada. Como a Malu está com mais de 7 kilos, sempre tento deixar leite para 2 mamadas, mas se por algum motivo eu não consigo retirar o leite suficiente na madrugada anterior, tento retirar mais no trabalho ... aí o papai vai buscar o leite fresquinho para dar na mesma hora. Essa é a vantagem de morar perto do trabalho.

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A primeira papinha da Malu vai acontecer nos próximos dias. Eu fico superorgulhosa do seu esforço e vitória em manter o aleitamento materno exclusivo por 6 meses, mesmo depois da volta ao trabalho. Valeu a pena?

Renata:
Como Valeu! Só o sorriso da minha garotona me faz esquecer todo o sacrifício.

É preciso muita disciplina, é cansativo, as olheiras não desaparecem mas é o que mais me deu satisfação na vida.

Agora que ela começará com as papinhas, continuarei com a retirada do leite no trabalho e durante a noite para poder deixar pelo menos uma mamadeira cheia para ela, e se Deus quiser continuarei amamentando nos horários que estiver em casa.

Renatinha, muito obrigada pela entrevista! Tenho certeza que muitas mães se identificarão com essa incrível rotina de trabalhar fora, amamentar, ser esposa, cuidar do bebê, fazer com que a casa funcione bem...ufa, é trabalho sem fim! É muito bom saber que dá para voltar a  trabalhar sem deixar de amamentar.

Renatinha e sua princesa em festinha
aqui em casa
O que é a série DBB?

6 comentários:

  1. Parabens, Renata!!
    Fiquei impressionada com sua dedicação!!
    É estimulante para outras mamaes!!
    A força da mulher é incrível né?!
    Parabéns mesmo!

    Priscila Valadares

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  2. Caramba, que entrevista legal! Apesar de ainda estar gestante, me identifiquei muito com a estória da Renata porque ja me preocupo bastante com a amamentação quando precisar retornar ao trabalho. A Renata, sem dúvida, é um exemplo de dedicação, força de vontade, disciplina e sabedoria! Parabens, Renata! Parabens, Kinha!

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  3. Fiquei impressionada com a garra ea dedicação dessa mãe. Impressionante como ela pensou em tudo e pode dar de presente para a sua filhota esse alimento tão importante e especial que é o leite materno.
    Parabéns Renata, eu tenho certeza de que a Malu colhera muitos frutos desse gesto tão lindo que é o amor de mãe. E parabéns Kinha por nos mostrar historias cada dia mais incentivadoras e marcantes. Estou aprendendo muito com as experiências dessas mães.
    Beijos,
    Kel

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  4. Muito boa a entrevista!
    Ainda não sei bem quando virão os meus filhotes, mas como tenho intenção de fazer residência e esta irá durá 4 anos, sempre penso que terei pelo menos 1 bebê durante a residência médica.
    E apesar da lei já ter aprovado a licença maternidade no Brasil de 180 dias, a residência médica ainda não se adaptou a essa lei e a licença só dura os antigos 90 dias. Sempre achei que era impossível manter e amamentação exclusiva depois que voltasse a trabalhar, mas ver um exemplo desse nos dá força e coragem pra dar o melhor aos nossos filhos.
    Parabéns Renata, pela força de vontade e parabéns, Kinha, por mostrar essas histórias de vitória da amamentação!

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  5. Parabéns,Renata!
    Aproveito para desejar a você e sua família um Excelente 2012!
    Só hoje no primeiro dia do ano é que acessei o orkut e vi este link.
    Adorei a reportagem.
    Os filhos mudam completamente as nossas vidas, né?
    O Júnior está com 3 anos e meio.

    beijos,

    Tania Tagima.

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  6. Oi prima eu entrei sem querer no seu orkut e vi esse link,adorei a reportagem,BJS seus primos Vanessa,Erick,Allan,Kauan,Ana Beatriz.

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